O MEU MUNDO

O Ser Humano por detrás do Super Herói

Este não é um blogue de uma só temática mas multi-temático


Não sou um indivíduo extraordinariamente "Habilidoso" ou "Especialista", numa determinada área, só sou um tipo, "Razoavelmente Apto" em varias áreas, em razão da minha própria curiosidade!


Guerra do Ultramar: Uma Geração Sacrificada... e Esquecida (1959 a 1975)!





Geração sacrificada e esquecida (patriotismos á parte) sim, pior que tudo negligenciada em apoio social e psicológico no trauma de guerra, os veteranos de guerra no nosso país não são tratados com respeito, são gozados pelas tatuagens, pela "loucura" e insanidade pelo ridículo, quantos não terão caído na decadência do álcool por ser a droga que alivia a dor mais há mão, quantos não terão perfis violentos, dada a experiência traumática, quantos não tem ainda hoje pesadelos durante a noite, quantos não serão, ainda hoje incapazes de expressar sentimentos entre amigos e família, mulher, filhos, quantos não terão, regressado de apenas de corpo, ficando o espírito na terra donde presenciaram a miséria e o sofrimento e foram forçados a cometer atrocidades, a quantos lhe roubaram o seu verdadeiro sorriso, quantos estão associados a um regime de ditadura e salazarista e por isso ignorados, porque é mais fácil virar a cara ao lado e esquecer, quantos? Quantos, sim, quantos, foram esquecidos como se pertencessem ao passado pré- Abril e não houvesse lugar para eles no presente pós – Abril? 
Afinal, é só gente humilde, gente que não importa, soldados rasos, analfabetos, brutos, alcoólicos, traumatizados, nada mais, afinal não são heróis, lutavam pela causa errada, lutavam por Salazar, não por nós Portugal Moderno, Portugal da Liberdade e dos brandos costumes, afinal eles não são nada, não são heróis de guerra, não lutavam pela causa certa, não são heróis como os capitães de Abril! Afinal não são nada, por isso mesmo merecem ser esquecidos?
Sou português e identifico-me, pertencente a um povo, mas não sou amante sego da pátria, não jurei sobre a bandeira, nem a defendo com sangue suor e lágrimas, custe o que custar, porque os valores, que defendo e daria a vida por eles não são de um País, são universais, são o amor, a família, o bem estar a liberdade a igualdade e o estado justo e social, o direito a ser diferente a ter objetivos e sonhar, o direito e o respeito pela integridade física e psicológica de qualquer ser humano e por estes valores, sim vale a pena lutar e morrer todos os dias, nem que seja contra o próprio país. Sim, vale a pena lutar com palavras e mensagens e que creio mesmo não sendo herói desta batalha, faço hoje aqui, a minha luta:
- Porquê a um individuo, um qualquer politico, que passou, 3 ou 4 anos às vezes menos, sentado no seu escritório a arruinar um país, mesmo que de boca e intenção fosse salva-lo, não aconteceu, porquê eu sou da geração que é testemunho disso mesmo, testemunhamos a troika, desemprego, crise, fraude e corrupção e a geração mais bem preparada de sempre a abandonar o país como refugiados ou a ficar e guerrear por condições precárias… Porquê então a este tipo que nunca fez mais que comparecer na assembleia da república, ler o jornal, ir ao facebook, dormir e praticar retorica, porquê entregar-lhe, pensões, vitalícias de milhares de euros, direito a seguranças, chofer e viaturas do estado, pelo “serviço que prestaram ao país” e a estes moribundos estes desgraçados esquecidos, os da causa errada, deixamo-los sem pensões dignas sem um acompanhamento adequado, sem um reconhecimento publico claro, abandonados a si mesmos a sorte e aos seus, é mais fácil e mais barato esquecer?
Sou filho de um ex-combatente e nunca entendi tão bem, o porquê? Porquê, “aquele homem, aquela sombra e figura” é como é? Nunca me preocupei tentar compreender, ele também nunca me tentou explicar, a guerra para ele é guardada no silêncio, exceto quando há tiroteio do bom, daquele de Hollywood, na televisão. Não compreendia nem me preocupava em compreender, até bem pouco tempo, por casualidade que conheci outros ex-combatentes e me apercebi que era um padrão comum, um “síndroma”, um vírus, uma doença todos com um epicentro comum, um paciente, seja angola, guiné, moçambique, etc. o paciente zero é o mesmo, a guerra!
Sendo que agora compreendo com base na comparação, sei que há quem esteja melhor e esteja pior mas todos com um ferimento de guerra que nunca cicatrizou.

Talvez por isso, nós nem lhes façamos caso ninguém quer ouvir nem saber, sobre a guerra do ultramar pela 1ª pessoa, o que precisa, o que quer, o que pede, o que foi? Ninguém quer dar caras e rostos á guerra, ninguém, os quer vivos, nem os seus problemas presentes, porque a guerra está morta. É melhor documenta-la, na 3ª pessoa e arquiva-la na historia do País, é preferível, do que aceitar que a guerra do ultramar continua, no presente no coração, vida e desgraça destes homens.

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